No dia 28 de setembro de 2013, participando de um evento de ladeira no interior de São Paulo, na cidade de São Pedro, passei por uma das experiências mais punks com o skate velocidade. Na segunda volta de aquecimento, reconhecimento ainda de pista, sai em uma beteria com 4 pessoas, onde durante a descida me posicionei em terceiro sem intensão de ultrapassagem, apenas checagem de equipa e teste da ladeira que era bem rápida.
Em frações de segundo, no trecho mais rápido da ladeira os 2 riders da frente entram em situação de utrapassagem com risco de queda. Faço a levantada, airbreak para posicionamento de atenção, como estavamos no trecho mais rápido e provavelmente minha levantada causou a instabilidade no carrinho, busquei de catar com a mão esquerda o shape, para buscar uma estabilidade. Enquanto isto, ambos a frente ainda não haviam descido a questão. Nisto um cai, o outro segue e eu sem saber se o mesmo bateria no feno e cruzaria a pista me mantive ao máximo no board até que precisei ejetar. Como de prache, pelo chão, sai deslizando no auge da velocidade da pista. No deslize, fui de encontro ao rider que havia caido e já se encontrava estacionado no feno, restando para mim seu corpo. Bati nele, rodei e chapei no chão batendo meu lado esquerdo com muita força.
Ambulância, emergência, dor, muita dor! Um fator importante foi me sentir amparada com a companhia de uma pessoa conhecida, que me ajudou a passar por aquela primeira fase, pensei muito nisto sobre inúmeros resgates onde o rider geralmente vai com a companhia de desconhecidos.
Resultado, hemorragia interna, baço lesionado, costela trincada. Fui submetida a uma cirurgia de esplenectomia, ou seja, retirada do Baço. Um susto, um momento que não se tem nem o que pensar a não ser ficar viva. Uma correria de pronto socorro de hospital, transferência de hospital a 180km de velocidade dentro de uma ambulância... uma loucura, mas que eu acredito que fez a diferença, me salvou!
Depois de 9 dias internada em 2 hospitais, recebi a liberação quase fugindo, rsssss, mas totalmente consciênte da delicadesa de meu quadro e do acompanhamento especializado. Tanta coisa passou pela cabeça, mas a principal era que o tempo é de descanso. Descando pra cabeça, pro físico, pros comportamentos agitados... observar mais, mais mais mais, falar menos, BEM menos... simplesmente ter a capacidade de desligar e dormir no meio do dia sem culpa, SEM CULPA.
As dores continuam, pois tudo terá que voltar pro seu lugar dentro do meu corpo. Aos poucos vou ficar 100% e o que eu penso agora é apenas em minha recuperação, no descanso e na minha família...